Fico encantada ao ver e a ouvir a Dra Teresa Paiva a quem admiro muito o trabalho.
Ao tirar a foto com ela no 9º Encontro de Neurodesenvolvimento em Tomar, ouvi-a dizer: “os cabelos brancos não ficam bem na foto!”
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E é isso que me faz escrever este texto que não fala só sobre o sono, mas sobre o que é esperado de nós humanos nos dias de hoje.
Parece que estamos tão distantes da natureza humana!
Fomos feitos para caminhar, para tomar sol, para envelhecer, para dormir, para amar e para tantas outras coisas naturais e o que temos é que estamos na contramão da história da nossa natureza de primata.
Não dormimos o suficiente, não temos horário para dormir, trocamos a noite pelo dia e uma noite mal dormida (ou pouco dormida) faz com que o dia seguinte seja, na maioria das vezes, um dia pouco produtivo.
Certo é que muitos de nós trabalhamos por turnos, cuidamos de familiares doentes, temos filhos pequenos e poder dormir algumas horas já é um desafio!
Sabemos entretanto, que a privação do sono leva à falta de concentração, distracção, hiperactividade, irritabilidade e até agressividade e pode estar relacionada com uma série de sintomas e patologias que vemos com frequência como ansiedade, depressão, PHDA.
Sabemos que uma criança de 10 anos tem que dormir 10 horas e que este fator vai afetar diretamente o seu desenvolvimento e repercutir sobre a sua capacidade de aprendizagem. A Dra. Teresa bem disse que as crianças crescem a dormir e aprendem a dormir.
Sabemos que a luz dos ecrãs, artificial, jamais vai substituir a luz do nosso belo Sol, tão importante para o desenvolvimento fisiológico e emocional e fundamental para regular o nosso sono.
Sabemos que se os nossos filhos e nós próprios ficarmos demasiado nos ecrãs, vamos ter menos atividade física e ficaremos mais sedentários e com maior probabilidade de sermos obsesos.
Sabemos que dormindo, sonhamos e sonhando podemos ter melhor equilíbrio emocional.
Entretanto, se sabemos disso tudo, porque não valorizamos o dormir como essencial para o nosso bem-estar? Porque estamos a contrariar a nossa natureza?
Lembrar-nos de onde viemos ajuda-nos a encontrar quem somos e quem desejamos ser. Ajuda-nos a procurar ajuda profissional para melhorar a higiene do nosso sono e termos mais bem-estar e sermos mais felizes.
Ajuda-nos a aceitar que tal como os cabelos brancos são esperados com o envelhecimento, também as nossas dificuldades e limitações são possíveis de serem tratadas.
Afinal, o que todos desejamos é ficar bem na nossa fotografia interior.
Clara Cruz- Psicoterapeuta
março 2018